
A Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo (Funpresp-Exe) perdeu mais de R$ 11,5 mi com as inconsistências bancárias da lojas Americanas.
Isso porque a Funpresp-Exe possui 6 mil debêntures das Lojas Americanas (LAMEA6) no fundo exclusivo de crédito do Santander no valor de R$ 7,048 milhões e mais 6.840 debêntures das Lojas Americanas e SubMarino (LAMEA6 e BTOW15) no valor de R$ 7,992 milhões no fundo exclusivo de crédito do Daycoval, totalizando R$ 15,040 milhões.
Debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas com o objetivo de captar recursos do mercado financeiro. Quando você compra uma debênture, você está emprestando dinheiro para a empresa emissora, que se compromete a pagar juros periódicos e o valor principal na data de vencimento.
Debêntures são considerados investimentos de renda fixa, o que significa que os juros são pagos com uma taxa definida previamente. No entanto, o risco de crédito da empresa emissora também é um fator a ser considerado ao investir em debêntures.
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Com o comunicado da Americanas de ter encontrado inconsistências contábeis bilionárias, em seu balanço financeiro, as debêntures emitidas pela empresa sofreram marcação a mercado ocasionando assim prejuízo na Funpresp-Exe.
Segundo a ANBIMA, a perda para a Funpresp-Exe foi de R$ 11,576 milhões, ou de 77% do valor investido. Entretanto, esse prejuízo deve ser maior, uma vez que não está contabilizado a possível perda com os investimentos em ações da Americanas.
Funpresp encerra seus investimentos em Americanas
Em meio a toda polêmica, no dia 28 de abril de 2023, a Funpresp emitiu um comunicado informando o encerramento da exposição a ativos da Americanas. O fundo de previdência tinha participação em ativos da varejista em:
– Mercado acionário, através de fundos que reproduziam índices da B3, a bolsa de valores brasileira. Nessa categoria o investimento era de R$1,6 milhões em ações.
– Fundos de crédito privado através de debêntures. Para esse seguimento o investimento foi bem maior, R$ 19,9 milhões.
Esses valores, segundo a nota, correspondiam a 0,02% e 0,3% da carteira consolidada, que era de R$ 6,49 bilhões.
Também na mesma nota, a Funpresp informou que está tomando todas as medidas necessárias conforme o contrato, mantendo comunicação próxima com os gestores dos fundos para analisar o acontecido e monitorar o andamento da situação. Caso haja novos acontecimentos, os participantes serão devidamente atualizados. Entretanto, até hoje, não há notícia de nenhuma responsabilização nesse caso específico.
É razoável um Fundo de Previdência investir em ações de uma varejista?
Sim , é razoável para um fundo de previdência investir em ações de uma empresa de varejo. Entretanto, isso precisa estar de acordo com a política de investimento do fundo e com os objetivos de diversificação e retorno esperado. Os fundos de previdência costumam ter uma estratégia de investimento diversificada para buscar retornos consistentes ao longo do tempo. A parte dessa diversificação pode incluir investimentos em ações de empresas de diversos setores, incluindo varejo.
No entanto, é importante que o fundo faça uma análise cuidadosa da empresa em questão. É preciso considerar fatores como sua saúde financeira, perspectivas de crescimento, concorrência no setor, entre outros. Além disso, o fundo deve considerar o perfil de risco dos seus participantes, já que investimentos em ações têm maior volatilidade e risco comparados a investimentos mais conservadores.
Portanto, a decisão de investir em ações de uma empresa de varejo deve ser baseada em uma avaliação completa dos fatores mencionados. Além disso, é preciso alinhar a estratégia geral de investimento do fundo com o objetivo de buscar um equilíbrio entre retorno e risco adequado para os participantes.