Em setembro de 2023 o Fortaleza Esporte Clube se tornou uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Com isso, abriu-se a oportunidade para que futuramente os torcedores possam, além de torcer, lucrar juntamente com o time.
Até o ano de 2020 grande parte dos clubes de futebol do Brasil funcionavam como associação civil sem fins lucrativos. Nesse modelo, um grupo de sócios gerencia os clubes de futebol, elegendo um presidente e um conselho deliberativo. Além disso, as eleições para presidente ocorrem periodicamente, e é proibida a venda de qualquer parte do clube visando a obtenção de lucro.
Entretanto, o projeto de lei 5516/2019, permitiu que clubes se transformassem em empresas, com regime de tributação próprio, possibilitando aumentar o potencial de atrair investidores nacionais e estrangeiros aos clubes brasileiros.
Principais diferenças entre Associação Civil e SAF
Uma das principais diferenças entre Associação Civil e SAF é que a associação civil não pode ser vendida para investidores. Elas não possuem um dono, apenas são administradas pelo quadro de sócios.
Já no caso das SAF, abriu-se a oportunidade da venda total ou parcial do clube de futebol para novos proprietários. Quem compra mais do que 50% das ações do clube se torna sócio majoritário ou, em outras palavras, dono do time de futebol.
Enquanto que na associação existe um presidente, que tem mandato geralmente de 2 ou 4 anos, eleito pelos sócios, em um modelo similar a nossa estrutura de governo, na SAF o time tem um dono e que só deixará de ser dono, quando resolver vender mais de 50% das ações do clube para um terceiro.
É o caso que aconteceu com o Cruzeiro e o Botafogo. O ex-jogador Ronaldo Fenômeno comprou 90% da SAF do Cruzeiro por R$ 400 milhões, enquanto que o time do Botafogo vendeu 90% de sua ações, também por R$ 400 milhões, para John Textor, um bilionário norte-americano.
Dessa forma, em uma situação hipotética da torcida estar insatisfeita com o desempenho do clube, pouca diferença faria em protestar contra o dono do clube, afinal, o time é dele e ele faz o que bem entender, nos termos legais.
Fortaleza estreia modelo de “SAF tabu”
Entretanto, no caso do Fortaleza a situação é um pouco diferente. Ao contrário do que aconteceu com Cruzeiro e Botafogo, que estavam afundados em dívidas e optaram pela SAF como forma de salvação, o Fortaleza tem uma boa saúde financeira e está com suas dívidas bem controladas.
Por esse motivo, o laion não vai vender ações nesse momento e poderá criar a chamada SAF tabu. Acontece que criou-se uma lenda que clubes que quisessem adotar o novo modelo empresarial teriam que entregar o controle e vender pelo menos 90% do capital. Entretanto, a ideia do Fortaleza é vender, em tempo oportuno, apenas, 10% de suas ações e continuar com o controle do clube.
Nesse caso, o Fortaleza teria um CEO em vez de um dono, sem um mandato temporário, mas sujeito a demissão em caso de má gestão.
É aqui onde entra a possibilidade de você também se tornar um investidor. Acontece que a diretoria do clube estuda uma forma de oferecer até 10% do capital da SAF exclusivamente para sócios torcedores.
Esse modelo elimina algumas críticas importantes, como por exemplo, tornar os clubes brasileiros como experimentos para times do exterior.
Acontece que grandes grupos como o grupo City, que comprou o Bahia, New York City dos EUA, Yokohama (Japão), Montevideo City Torque (Uruguai) entre outros, podem usar esses clubes laboratórios para testarem treinadores e jogadores com o objetivo de selecionar os que se destacaram para integrar os principais times da empresa, neste caso específico, o Manchester City.
Um caso com essas possíveis características aconteceu no Cruzeiro com o treinador Paulo Pezzolano, que ao fazer um bom trabalho no time mineiro acabou sendo transferido para o Valladolid da Espanha, que também pertence ao Ronaldo Fenômeno.
Quais seriam as formas de investir na SAF do Fortaleza
Uma das possibilidades de investir no clube seria por meio da compra de debêntures, que são títulos de renda fixa emitidos por empresas que não são financeiras.
De forma simplificada, você emprestaria dinheiro para o clube, por meio da compra de debêntures, e receberia o valor investido, após um prazo predeterminado, com rendimento superior ao que teria se tivesse investido na poupança.
Veja também: Como começar a investir do ZERO
Outra maneira seria através da compra de ações. Embora não seja comum no futebol brasileiro, essa é uma prática bem conhecida na Europa.
Aqui está uma lista de grandes clubes que listaram suas ações na bolsa de valores:
Manchester United (MANU) – Bolsa de Nova York (NYSE)
Juventus (JUVE) – Bolsa Italiana
Borussia Dortmund (BVB) – Bolsa de Frankfurt
Roma (ASR) – Bolsa Italiana
Ajax (AJAX) – Bolsa de Amsterdam
Celtic (CCP) – Bolsa de Londres
Benfica (SLBEN) – Euronext Lisboa
Lazio (LAZI) – Euronext Lisboa
FC Porto (FCP) – Euronext Lisboa
Lazio (LAZI) – Bolsa Italiana
Entretanto, ao analisar o desempenho desses clubes na bolsa de valores, percebe-se uma volatilidade superior à média do mercado, além de apresentar desempenho, frequentemente, inferior aos índices de seus países de referência.
