
Os comentários de uma possível nova moeda para Brasil e Argentina, em comum, voltou a ganhar mais publicidade nas últimas semanas, principalmente depois que o Haddad se reuniu com o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, no dia 03 de janeiro, para conversar sobre o tema.
Dias depois, em um evento da posse da Simone Tebet, o ministro brasileiro afirmou que “Não existe moeda única, não existe essa proposta”. E até completou mandando o repórter que fez a pergunta “se informar primeiro”.
O que é realmente que está sendo discutido?
Pelo que se sabe até o momento, a ideia é criar uma moeda virtual para transações financeiras e comerciais bilaterais. No entanto, os países continuariam usando paralelamente suas moedas locais: o peso e o real.
É válido lembrar que essa é uma ideia antiga e tem sido discutida por economistas e políticos há décadas.
O próprio Paulo Guedes, ministro da economia no governo Bolsonaro, já tinha manifestado interesse nesse assunto. Inclusive, no Fórum Econômico Mundial ele chegou a dizer: “eu acho que vamos ver, provavelmente, o peso-real”.
Enquanto alguns argumentam que uma moeda única poderia trazer benefícios econômicos e políticos para ambos os países, outros argumentam que as diferenças econômicas e culturais entre os dois países tornam essa ideia inviável.
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É válido lembrar que o projeto é de que essa moeda possa se estender, futuramente, aos demais países pertencentes ao MercoSul e não fique apenas, portanto, entre Brasil e Argentina.
Qual seria a vantagem da criação desse tipo de moeda?
Em tese, haveria uma melhoria das relações comerciais: Uma moeda única permitiria que as empresas dos dois países pudessem fazer negócios sem se preocupar com a flutuação cambial. Isso poderia aumentar o comércio entre os dois países, o que seria positivo para a economia de ambos.
Haveria, também, uma redução da dependência do dólar, o que seria bom para os dois países uma vez que a moeda americana vem, ano após ano, esmagando as moedas sul-americana.
Outra possível vantagem seria a estabilidade econômica. A unificação das moedas poderia ajudar a estabilizar as economias dos dois países, especialmente em tempos de incerteza econômica. Isso poderia ajudar a reduzir a volatilidade dos mercados financeiros e aumentar a confiança dos investidores.
No entanto, há também argumentos fortes contra a criação de uma moeda única. Uma das principais preocupações é que as diferenças econômicas e culturais entre o Brasil e a Argentina tornam a criação de uma moeda única inviável. Por exemplo, o Brasil é consideravelmente mais desenvolvido e tem uma economia mais diversificada do que a Argentina, o que poderia levar a problemas econômicos se uma moeda única fosse criada.
Além disso, há preocupações de que a criação de uma moeda única poderia levar a uma perda de soberania monetária para ambos os países. Poderia gerar uma falta de autonomia monetária.
Segundo o economista da Eleven Financial Thomaz Sarquis, quando o Banco Central Europeu sobe os juros, por exemplo, a alta vale para toda a moeda euro. No nosso caso, em uma política como esta, o Brasil estaria dependente da situação fiscal da Argentina para definir o aumento dos juros, visto que o risco seria percebido como sendo do bloco.
Novo presidente na Argentina
Com a eleição de Javier Milei como novo presidente da Argentina o sonho da moeda em comum ficou, no mínimo, mais distante.
O atual presidente dos hermanos é um político conservador, de direita, e que já deixou claro, em diversas situações, que não compactua com o tipo de política praticado no Brasil. Tentou, inclusive, retirar a Argentina do Mercosul. Entretanto, sem a maioria no congresso, não conseguiu realizar esse objetivo.
O pensamento de Milei é fazer uma dolarização a longo prazo na Argentina, além de romper relações diplomáticas com a China e se distanciar ao máximo da política de países do Mercosul.